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Define revelações de fatos importantes da trama de obras como filmes, televisão, livros e jogos, que, na maioria das vezes, prejudicam ou arruínam a apreciação de tais obras pela primeira vez.

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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Saiba tudo sobre o quinto livro (filme) - Harry Potter e a ordem da Phoenix


Harry não recebe mais cartas de Rony e Hermione, o verão está insuportável e Harry escuta de repente um barulho na casa dos tios. Válter, o tio de Harry, desconfia que ele tenha sido o autor do barulho. Harry chateia-se e começa a andar pelas ruas quando vê o seu primo Duda e os seus amigos. A caminho de casa, Harry e Duda começam a discutir. Duda fala algo sobre Cedrico, e Harry puxa a varinha, mas não a usa. De repente, chegam dois dementadores que atacam Harry e Duda, e Harry usa magia para se livrar dos dementadores. A Srª. Figg, uma vizinha de Harry, chega e começa a falar que um tal Mundungo Fletchero estava seguindo por ordens de Dumbledore, e saiu no seu turno de vigilância. Harry nunca imagina que a Sra. Figg fosse Bruxa, e ela revela-lhe que é um "aborto". Harry também se enraivece quando descobre que Dumbledore estava a pedir para que pessoas o seguissem. Quando chega na casa dos Dursley, os tios lhe pedem grandes informações sobre como tudo aconteceu, e chegam a pensar que o Harry usou magia contra Duda, mas o que mais preocupou Harry foi uma carta dizendo que ele fora expulso de Hogwarts. Minutos depois, chega outra carta dizendo que, em vez disso, Harry terá que comparecer a uma audiência disciplinar de noite com um grupo de pessoas, incluindo amigos de Harry como Remo Lupin. Eles levam-no em vassouras até a casa de Sirius Black. Harry encotra Rony Weasley, Hermione Granger e grita com eles um monte de coisas sobre toda a sua raiva do verão. Os amigos explicam o que é a Ordem da Fênix. Harry vai até a audiência com Arthur Weasley, pai de Rony. Na audiência, Harry, por um triz é absolvido. Na saída do Ministério, Harry e Arthur vêem o Ministro da Magia que ultimamente tem engrossado com Dumbledore por que ele não quer acreditar que Voldemort voltou, ao lado do Comensal da Morte, Lucio Malfoy.

Harry ou Neville?







domingo, 24 de outubro de 2010

Contos de Beedle, o Bardo - O conto dos três irmãos

O CONTO DOS TRÊS IRMÃOS

Era uma vez três irmãos que estavam viajando por uma estrada
deserta e tortuosa ao anoitecer... Depois de algum tempo, os
irmãos chegaram a um rio fundo demais para vadear e perigoso
demais para atravessar a nado. Os irmãos, porém, eram versados
em magia, então simplesmente agitaram as mãos e fizeram
aparecer uma ponte sobre as águas traiçoeiras. Já estavam na
metade da travessia quando viram o caminho bloqueado por um
vulto encapuzado.
E a Morte falou. Estava zangada por terem lhe roubado três
vítimas, porque o normal era os viajantes se afogarem no rio. Mas a
Morte foi astuta. Fingiu cumprimentar os três irmãos por sua
magia, e disse que cada um ganhara um prêmio por ter sido
inteligente o bastante para lhe escapar.
Então, o irmão mais velho, que era um homem combativo, pediu a
varinha mais poderosa que existisse: uma varinha que sempre
vencesse os duelos para seu dono, uma varinha digna de um
bruxo que derrotara a Morte! Ela atravessou a ponte e se dirigiu a
um vetusto sabugueiro na margem do rio, fabricou uma varinha de
um galho da árvore e entregou-a ao irmão mais velho.
Então, o segundo irmão, que era um homem arrogante, resolveu
humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de restituir a vida aos
que ela levara. Então a Morte apanhou uma pedra da margem do
rio e entregou-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra tinha
o poder de ressuscitar os mortos.
Então, a Morte perguntou ao terceiro e mais moço dos irmãos o
que queria. O mais moço era o mais humilde e também o mais
sábio dos irmãos, e não confiou na Morte. Pediu, então, algo que
lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela. E a
Morte, de má vontade, lhe entregou a própria Capa da
Invisibilidade.
Então, a Morte se afastou para um lado e deixou os três irmãos
continuarem viagem e foi o que eles fizeram, comentando,
assombrados, a aventura que tinham vivido e admirando os
presentes da Morte.
No devido tempo, os irmãos se separaram, cada um tomou um
destino diferente.
O primeiro irmão viajou uma semana ou mais e, ao chegar a uma
aldeia distante, procurou um colega bruxo com quem tivera uma
briga. Armado com a varinha de sabugueiro, a Varinha das
Varinhas, ele não poderia deixar de vencer o duelo que se seguiu.
Deixando o inimigo morto no chão, o irmão mais velho dirigiu-se a
uma estalagem, onde se gabou, em altas vozes, da poderosa
varinha que arrebatara da própria Morte, e de que a arma o
tornava invencível.
Na mesma noite, outro bruxo aproximou-se sorrateiramente do
irmão mais velho enquanto dormia em sua cama, embriagado pelo
vinho. O ladrão levou a varinha e, para se garantir, cortou a
garganta do irmão mais velho.
Assim, a Morte levou o primeiro irmão.
Entrementes, o segundo irmão viajou para a própria casa, onde
vivia sozinho. Ali, tomou a pedra que tinha o poder de ressuscitar
os mortos e virou-a três vezes na mão. Para sua surpresa e alegria,
a figura de uma moça que tivera esperança de desposar antes de
sua morte precoce surgiu instantaneamente diante dele.
Contudo, ela estava triste e fria, como que separada dele por um
véu. Embora tivesse retornado ao mundo dos mortais, seu lugar
não era ali, e ela sofria. Diante disso, o segundo irmão,
enlouquecido pelo desesperado desejo, matou-se para poder
verdadeiramente se unir a ela.
Assim, a Morte levou o segundo irmão.
Embora a Morte procurasse o terceiro irmão durante muitos anos,
jamais conseguiu encontrá-lo. Somente quando atingiu uma idade
avançada foi que o irmão mais moço despiu a Capa da Invisibilidade
e deu-a de presente ao filho. Acolheu, então, a Morte como uma
velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram
desta vida.


Comentários de Alvo Dumbledore sobre
"O conto dos três irmãos"
Quando eu era criança essa história me causou uma profunda
impressão. Ouvi-a primeiramente contada por minha mãe, e logo
tornou-se o conto que eu pedia com mais frequência na hora de
dormir. Isto sempre provocava discussões com o meu irmão mais
novo, Aberforth, cuja história favorita era "Bodalhão, o Bode
Resmungão".
A moral de "O conto dos três irmãos" não poderia ser mais clara:
os esforços humanos para evadir ou superar a morte estão
sempre fadados ao desapontamento. O terceiro irmão da história
("o mais humilde e também o mais sábio") é o único que
compreende isso, pois, tendo escapado uma vez da morte, por um
triz, o melhor que poderia esperar era adiar o próximo encontro o
máximo possível. O mais moço sabe que zombar da Morte -
envolver-se em violência, como o primeiro irmão, ou ocupar-se da
sombria arte da necromancia (1), como o segundo irmão —
significa medir forças com um inimigo ardiloso que não pode
perder.
A ironia é que se formou uma curiosa lenda em torno dessa
história, que contradiz exatamente a mensagem original. A lenda
argumenta que os prêmios que a Morte dá aos irmãos — uma
varinha imbatível, uma pedra capaz de ressuscitar os mortos e
uma Capa da Invisibilidade imperecível — são objetos verdadeiros
que existem no mundo real. E vai além: se alguém vem a se
tornar o legítimo possuidor dos três, torna-se então "senhor da
Morte", o que tem sido comumente entendido que será
invulnerável, e mesmo imortal.
1 [Necromancia é a magia negra que ressuscita os mortos. É um
ramo da magia que nunca teve sucesso, como a nossa história
deixa bem claro. JKR]
Podemos rir com uma certa tristeza do que isto nos diz da
natureza humana. A interpretação mais caridosa seria: "A
esperança brota eternamente.2 Ainda que, segundo Beedle, dois
desses três objetos sejam extremamente perigosos, e sua clara
mensagem é que, no fim, a Morte virá nos buscar, uma minoria na
comunidade bruxa insiste em acreditar que Beedle estava lhes
enviando uma mensagem cifrada, dizendo exatamente o inverso
do que escreveu à tinta, mensagem esta que somente eles são
suficientemente inteligentes para entender.
2 [A citação demonstra que Alvo Dumbledote era não só
excepcionalmente instruído em termos de bruxaria, como também
familiarizado com os escritos do poeta trouxa Alexander Pope.
JKR]
Tal teoria (ou talvez "desesperada esperança" seja o termo mais
preciso) é respaldada por pouquíssimas provas reais. É verdade
que a Capa da Invisibilidade, embora rara, existe em nosso
mundo; contudo, a história deixa claro que a Capa da Morte é de
uma durabilidade ímpar.3 Durante os muitos séculos que medeiam
a época de Beedle e a nossa, ninguém jamais afirmou ter
encontrado a Capa da Morte. A explicação dos verdadeiros crentes
é a seguinte: ou os descendentes do terceiro irmão desconhecem
a origem da capa, ou a conhecem e estão resolvidos a comprovar a
sabedoria do seu antepassado, não alardeando esse fato.
3 [As Capas da Invisibilidade não são, em geral, infalíveis. Podem
rasgar ou se tornar opacas com a idade, ou os feitiços nela
lançados podem enfraquecer, ou ser anulados por Feitiços de
Revelação. É por isso que os bruxos habitualmente recorrem, no
primeiro caso, aos Feitiços da Desilusão para se camuflarem ou se
ocultarem. Alvo Dumbledore era conhecido por sua capacidade de
executar um Feitiço da Desilusão tão poderoso que se tornava
invisível sem recorrer à capa. JKR]
Muito naturalmente, a pedra tampouco foi encontrada. Observei
anteriormente, ao comentar "Babbitty, a Coelha, e seu Toco
Gargalhante", que continuamos incapazes de ressuscitar os mortos,
e temos todas as razões para supor que isto jamais acontecerá. Vis
substituições foram naturalmente ensaiadas pelos bruxos das
trevas criadores dos Inferi,4 que são apenas fantoches, e não seres
humanos de fato ressuscitados. Acresce que a história de Beedle é
muito explícita quanto ao fato de que o amor perdido do segundo
irmão nunca ressurgiu realmente dos mortos. Foi enviado pela
Morte para atrair o segundo irmão às suas garras e, portanto,
manteve-se fria, distante, tantalizantemente presente e
ausente.5
4 [Inferi são cadáveres reanimados por magia negra. JKR]
5 Muitos críticos acreditam que Beedle se inspirou na Pedra
Filosofal, elemento essencial do Elixir da Vida que induz a
imortalidade, quando criou essa pedra capaz de ressuscitar os
mortos.
Resta-nos, então, a varinha, e aqui os que se obstinam em
acreditar na mensagem secreta de Beedle têm pelo menos
indícios históricos para fundamentar suas delirantes suposições.
Seja porque gostem de se vangloriar ou intimidar seus possíveis
adversários, seja porque realmente acreditam no que dizem — o
fato é que os bruxos há séculos afirmam possuir uma varinha
mais poderosa do que qualquer outra, até mesmo uma varinha
"invencível", a Varinha das Varinhas. Alguns chegaram ao exagero
de alegar que sua varinha é feita de sabugueiro, como a que a
Morte supostamente fabricou. Tais objetos receberam nomes,
entre os quais "a Varinha do Destino" e "a Varinha da Morte".
Não admira que velhas superstições tenham se desenvolvido em
torno de nossas varinhas, que são, afinal, nossas ferramentas e
armas mágicas mais importantes. Algumas (e, portanto, seus
donos) são supostamente incompatíveis:
Se a varinha dele é carvalho, e a dela, azevinho
Casarem-se os dois será um descaminho
ou indicam falhas no caráter:
Castanheiro preguiçoso, sorveira falastrona
freixo queixo-duro, aveleira resmungona
E, com efeito, nessa categoria de máximas sem comprovação
encontramos:
Varinha de sabugueiro, azar o ano inteiro.
Seja porque a Morte fabrica a varinha ficcional com sabugueiro na
história de Beedle, seja porque os bruxos sedentos de poder ou
violentos têm persistentemente afirmado que suas varinhas são
feitas de sabugueiro, esta madeira não goza da preferência dos
fabricantes de varinhas.
A primeira alusão bem documentada a uma varinha de
sabugueiro dotada de poderes particularmente fortes e perigosos
foi àquela que pertenceu a Emerico, cognominado "o Mal", um
bruxo de vida curta, mas excepcionalmente agressivo, que
aterrorizou o sul da Inglaterra no início da Idade Média. Morreu
como tinha vivido, em um encarniçado duelo com outro bruxo
conhecido por Egberto. Ignora-se que fim levou Egberto, embora
a expectativa de vida dos duelistas medievais fosse geralmente
baixa. Nos tempos anteriores à criação de um Ministério da
Magia para regular o uso da magia negra, os duelos eram
geralmente fatais.
Um século depois, outro personagem desagradável, de nome
Godelot, expandiu o estudo da magia negra registrando uma
coleção de feitiços perigosos, com o auxílio de uma varinha
descrita como "mia amijga mas maluada e sottill, cum coorpo de
sabugueiro, que conhece camijnhos de magia mui maligna".
( Magia mui maligna se tornou o título da obra-prima de Godelot.)
Como podemos observar, Godelot considera sua varinha uma
colaboradora, quase uma instrutora. Aqueles que estão
familiarizados com as tradições das varinhas6 concordarão que
elas realmente absorvem o conhecimento de quem as usa,
embora tal processo seja imprevisível e imperfeito; é preciso levar
em consideração todo tipo de fatores adicionais, tais como as
relações entre a varinha e seu usuário, para compreender a
eficiência do seu desempenho com determinado indivíduo.
6 Como eu.
Ainda assim, é provável que uma varinha hipotética que tenha
passado pelas mãos de muitos bruxos das trevas teria, no
mínimo, uma marcada afinidade pelos tipos de magia mais
perigosos que há.
A maioria dos bruxos prefere uma varinha que os tenha
"escolhido" a qualquer outra de segunda mão, precisamente
porque esta última terá adquirido hábitos do seu dono anterior
que podem não ser compatíveis com o estilo de magia do novo
dono. A prática comum de enterrar (ou queimar) a varinha com o
seu dono, quando ele morre, também contribui para impedir que
uma varinha aprenda com numerosos mestres. Os que acreditam
na varinha de sabugueiro, no entanto, sustentam que, dada a
maneira com que ela sempre transferiu sua lealdade entre
donos — o próximo superando o anterior, em geral matando-o —
a varinha de sabugueiro nunca foi destruída nem enterrada, antes
sobreviveu para acumular sabedoria, força e poder muito além do
normal.
Sabe-se que Godelot pereceu em seu próprio porão, onde foi
trancafiado pelo filho demente, Hereward. É de se supor que o
filho tenha se apossado da varinha do pai, ou este último teria
conseguido fugir, mas que destino Hereward terá dado à varinha
não sabemos ao certo. Sabemos, sim, que uma varinha chamada
"Varinha de Eldrun" por seu dono, Barnabás Deverill, surgiu no
início do século XVIII, e que este bruxo a usou para talhar sua
reputação de guerreiro temível, até seu reino de terror ser
encerrado pelo igualmente notório Loxias, que lhe tomou a
varinha e a rebatizou de "a Varinha da Morte", usando-a para
destruir qualquer um que o desagradasse. É difícil acompanhar a
trajetória subsequente da varinha de Loxias, pois muitos alegam
tê-lo matado, inclusive a própria mãe.
O que deve ocorrer a qualquer bruxo inteligente que estude a
pretensa história da Varinha das Varinhas é que todo homem que
afirme ter sido seu dono7 insistiu em sua "invencibilidade", quando
os fatos que se conhecem sobre sua passagem pelas mãos de
muitos donos demonstram não só que ela foi vencida centenas de
vezes, como atraiu tanta confusão quanto Bodalhão, o Bode
Resmungão, atraía moscas. Em última análise, a busca pela
Varinha das Varinhas corrobora uma observação que tive
oportunidade de fazer muitas vezes no curso de minha longa
vida: que os humanos têm um pendor para escolher precisamente
as coisas que lhes fazem mal.
7 Nenhuma bruxa jamais afirmou ter sido dona da Varinha das
Varinhas. Extraiam disso a conclusão que quiserem.
Qual de nós, porém, teria revelado a sabedoria do terceiro irmão,
se lhe fosse oferecido escolher o melhor presente da Morte?
Bruxos e trouxas são igualmente imbuídos de sede de poder;
quantos teriam resistido à "Varinha do Destino"? Que ser
humano, tendo perdido um ente amado, poderia resistir à
tentação da Pedra da Ressurreição? Mesmo eu, Alvo Dumbledore,
acharia mais fácil recusar a Capa da Invisibilidade; o que prova
apenas que, esperto como sou, continuo sendo um bobalhão tão
grande quanto os demais.

Os contos de Beedle, o bardo - Babbitty, a coelha, e seu Toco gargalhante

BABBITTY, A COELHA, E SEU TOCO GARGALHANTE


Há muitos e muitos anos, em uma terra muito distante, vivia um
rei apalermado que decidiu que somente ele devia ter poderes
mágicos.
Assim, ordenou que o chefe do seu exército formasse uma Brigada
de Caçadores de Bruxos, e equipou-a com uma matilha de ferozes
cães negros.
Ao mesmo tempo, determinou que em cada aldeia e cidade de suas
terras fosse lida a seguinte proclamação: "O rei procura um
Instrutor de Magia."
Nenhum bruxo ou bruxa ousou se candidatar ao cargo, pois
estavam todos escondidos da Brigada de Caçadores de Bruxos.
Entretanto, um astucioso charlatão, sem qualquer poder mágico,
viu nisso uma chance de enriquecer e apresentou-se ao palácio
como um bruxo de enorme perícia. O charlatão executou alguns
truques simples que convenceram o rei dos seus poderes mágicos,
e foi imediatamente nomeado Grande Feiticeiro-Chefe, Mestre
Régio de Magia.
O charlatão pediu ao rei que lhe desse um polpudo saco de ouro
para ele poder comprar varinhas e outros materiais mágicos
necessários. Pediu, ainda, vários rubis graúdos para serem usados
no lançamento de feitiços curativos e uns dois cálices de prata
para guardar e maturar poções. Tudo isso o apalermado rei lhe
entregou.
O charlatão guardou o tesouro a salvo em sua própria casa e
voltou aos jardins do palácio.
Ele não sabia, no entanto, que estava sendo observado por uma
velha que vivia em um casebre na periferia dos jardins do palácio.
Seu nome era Babbitty, e ela era uma lavadeira que mantinha as
roupas de cama e mesa do palácio macias, cheirosas e alvas.
Espreitando por trás dos lençóis que secavam no varal, Babbitty viu
o charlatão partir dois galhinhos de uma das árvores do rei e
desaparecer no interior do palácio.
O charlatão entregou um dos gravetos ao rei e lhe garantiu que
era uma varinha de formidável poder.
— Mas somente produzirá resultados — disse o charlatão — quando o
senhor se mostrar merecedor.
Toda manhã o charlatão e o apalermado rei saíam aos jardins
onde agitavam suas varinhas e bradavam disparates para o céu. O
charlatão tinha o cuidado de executar mais truques, de modo a
manter o rei convencido da perícia do seu grande feiticeiro e do
poder das varinhas que tinham lhe custado tanto ouro.
Certa manhã, quando o charlatão e o rei apalermado faziam
floreios com suas varinhas, pulavam em círculos e entoavam rimas
sem sentido, uma grande gargalhada chegou aos ouvidos do rei.
Babbitty, a lavadeira, apreciava o rei e o charlatão da janela de sua
casinha, e gargalhava com tanto gosto que não tardou a
desaparecer de vista, fraca demais para continuar de pé.
— Devo parecer muito indigno para fazer a velha lavadeira dar
tantas risadas — disse o rei. Ele parou de pular e agitar a varinha e
enrugou a testa.
- Estou cansado de praticar! Quando estarei pronto para realizar
feitiços régios diante dos meus súditos, feiticeiro?
O charlatão tentou tranquilizar seu discípulo, assegurando-lhe que
logo seria capaz de feitos mágicos surpreendentes. Porém, as
gargalhadas de Babbitty incomodaram o rei mais do que o
charlatão imaginava.
— Amanhã — disse o rei —, convidaremos nossa corte para assistir
ao seu rei realizar mágicas!
O charlatão viu que chegara a hora de apanhar seu tesouro e fugir.
— Ai de mim, será impossível! Esqueci-me de informar Vossa
Majestade que preciso sair amanhã em uma longa viagem...
— Se você deixar este palácio sem a minha permissão, feiticeiro,
minha Brigada de Caçadores de Bruxos o perseguirá com os seus
cães! Amanhã de manhã você me ajudará a realizar mágicas diante
dos nossos lordes e damas, e se alguém rir de mim, mandarei
decapitá-lo!
O rei entrou enfurecido no palácio, deixando o charlatão só e
amedrontado. Agora nem toda a sua astúcia seria capaz de salválo,
pois não poderia fugir nem tampouco ajudar o rei com a magia
que nenhum dos dois conhecia.
Procurando uma válvula para aliviar seu medo e raiva, o charlatão
se aproximou da janela de Babbitty, a lavadeira. Espiando para
dentro da casa, viu a velhinha sentada à mesa, encerando uma
varinha. Em um canto às suas costas, os lençóis do rei estavam se
lavando sozinhos em uma tina de madeira.
O charlatão compreendeu imediatamente que Babbitty era uma
bruxa genuína, e que, tendo lhe causado aquele terrível problema,
poderia também resolvê-lo.
— Sua bruxa velha! — berrou o charlatão. — Sua gargalhada me
custou caro! Se não me ajudar, vou denunciá-la, e você é que será
despedaçada pelos cães do rei!
A velha Babbitty sorriu para o charlatão e tranquilizou-o, dizendo
que faria tudo em seu poder para ajudá-lo.
O charlatão lhe deu instruções para se esconder em uma moita
enquanto o rei apresentava o seu espetáculo de magia, e para
executar os feitiços do rei sem que ele soubesse. Babbitty
concordou com o plano, mas fez uma pergunta.
— E, meu senhor, se o rei tentar um feitiço que Babbitty não
seja capaz de realizar?
O charlatão zombou.
— A sua mágica é superior à imaginação daquele tolo — garantiulhe
o homem e se retirou para o castelo muito satisfeito com a
própria esperteza.
Na manhã seguinte todos os lordes e damas do reino se reuniram
nos jardins do palácio. O rei subiu a um palco à frente deles
acompanhado pelo charlatão.
— Primeiro, farei o chapéu dessa dama desaparecer! — anunciou
o rei, apontando o seu galhinho para uma dama.
Do meio de uma moita próxima, Babbitty apontou a varinha para o
chapéu e o fez sumir. Grande foi o espanto e a admiração da
nobreza e forte o seu aplauso para o jubiloso rei.
— A seguir, farei aquele cavalo voar! — anunciou o rei, apontando o
galhinho para o próprio ginete.
Do meio da moita, Babbitty apontou a varinha para o cavalo e o
animal se elevou no ar.
Os nobres ficaram ainda mais arrebatados e surpresos, e, aos
gritos, manifestaram o seu apreço pelo rei mágico.


— E, agora — disse o rei, correndo o olhar ao redor em busca de
uma idéia; e o capitão de sua Brigada de Caçadores de Bruxos
correu para o rei.
- Majestade — disse o capitão — esta manhã, Sabre morreu depois
de comer um cogumelo venenoso! Ressuscite-o , majestade, com a
sua varinha!
E o capitão carregou até o palco o corpo sem vida do maior dos
cães caçadores de bruxos.
O apalermado rei brandiu o seu galhinho e apontou para o cão
morto. Mas, no meio da moita, Babbitty sorriu, e não se deu sequer
o trabalho de erguer a varinha, porque nenhuma mágica é capaz
de ressuscitar os mortos.
Ao ver que o cão continuava imóvel, os nobres começaram primeiro
a murmurar e depois a rir.
Desconfiaram que os primeiros dois feitos do rei, afinal, não tinham
passado de simples truques.
Por que não está funcionando? — gritou o rei para o charlatão, que
recorreu ao último ardil que lhe restava.
Ali, majestade, ali! — gritou ele, apontando para a moita onde
Babbitty estava escondida. — Vejo-a claramente, a bruxa má que
está bloqueando a nossa magia com os seus próprios feitiços
malignos! Prenda-a, alguém, prenda-a!
Babbitty fugiu da moita, e a Brigada de Caçadores de Bruxos saiu
em sua perseguição, soltando os cães, que latiram longamente,
sedentos pelo sangue da bruxa. Mas, ao alcançar uma sebe baixa,
a bruxa desapareceu de vista, e quando o rei, o charlatão e todos
os cortesãos chegaram ao outro lado, encontraram a matilha
caçadora latindo e escarafunchando ao redor de uma árvore velha
e curvada.
— Ela se transformou em uma árvore! — berrou o charlatão e,
temendo que Babbitty retomasse sua forma humana e o
denunciasse, acrescentou:
— Derrube-a, Vossa Majestade, é assim que se lida com bruxas
más!
Imediatamente trouxeram um machado, e a velha árvore foi
abatida com sonoros vivas dos cortesãos e do charlatão.
Entretanto, quando se preparavam para retornar ao palácio, o som
de uma gargalhada os fez parar de estalo.
— Tolos! — exclamou a voz de Babbitty do toco que eles haviam
deixado para trás.
— Bruxos e bruxas não podem ser mortos rachando-os ao meio!
Se não acreditam em mim, peguem o machado e cortem o grande
feiticeiro ao meio!
O capitão da Brigada de Caçadores de Bruxos se apressou a fazer a
experiência, mas, quando ergueu o machado, o charlatão caiu de
joelhos pedindo misericórdia e confessando toda a sua maldade. Ao
vê-lo sendo arrastado para a masmorra, o toco de árvore
gargalhou mais alto que nunca.
— Quando cortou uma bruxa ao meio, Vossa Majestade
desencadeou uma terrível maldição sobre o seu reino! — disse o
toco ao rei aterrorizado.
- De hoje em diante, cada maldade que o senhor infligir aos meus
companheiros bruxos se refletirá como uma machadada do lado do
seu corpo, até o senhor desejar morrer.
Ao ouvir isso, o rei também caiu de joelhos e disse ao toco que
faria imediatamente uma proclamação, protegendo todos os
bruxos do seu reino e deixando-os praticar sua magia em paz.
— Muito bem — disse o toco —, mas o senhor ainda não
compensou Babbitty!
— Farei qualquer coisa, qualquer coisa que pedir! — exclamou o
apalermado rei, torcendo as mãos diante do toco.
- O senhor construirá uma estátua de Babbitty em cima de mim,
em memória da sua pobre lavadeira, para lembrá-lo para sempre
de sua própria tolice! — ordenou o toco.
O rei concordou imediatamente e prometeu contratar o maior
escultor da terra para fazer uma estátua de ouro puro. Depois o
envergonhado rei e toda a nobreza retornaram ao palácio,
deixando o toco dando gargalhadas às suas costas.
Quando os jardins se esvaziaram novamente, esgueirou-se do
buraco entre as raízes do toco uma velha coelha robusta e
bigoduda com uma varinha presa entre os dentes. Babbitty saiu
saltando pelos jardins para muito longe, a estátua de ouro da
lavadeira, que recobria o toco, durou para sempre, e nunca mais os
bruxos foram perseguidos naquele reino.
Comentários de Alvo Dumbledore sobre "Babbitty, a
Coelha, e seu Toco Gargalhante"
A história de "Babbitty, a Coelha, e seu Toco Gargalhante" é, sob
muitos aspectos, o conto de Beedle mais "real", na medida em
que a magia descrita na história está quase totalmente de acordo
com as conhecidas leis da magia.
Foi graças a essa história que muitos de nós descobrimos que a
magia não podia ressuscitar os mortos — o que foi um grande
desapontamento e um choque, convencidos que estávamos na
infância de que nossos pais seriam capazes de acordar os nossos
ratos e gatos com um aceno de varinha. E, embora tenham
transcorrido uns seis séculos desde que Beedle escreveu esse
conto, e desde então tenhamos concebido inúmeras maneiras de
manter a ilusão da presença continuada dos entes que amamos,1
os bruxos ainda não descobriram como juntar corpo e alma uma
vez que a morte ocorra. Diz o eminente filósofo bruxo Bertrand de
Pensées-Profondes em sua famosa obra Um estudo da
possibilidade de reverter os efeitos metafísicos e reais da morte
natural, com especial atenção à reintegração da essência com a
matéria: "Desistam. Isto jamais acontecerá."
1 [As fotos e os retratos de bruxos têm movimentos e (no caso
destes últimos) falam como seus personagens. Outros objetos
raros, como o Espelho de Ojesed, podem também refletir mais do
que uma imagem estática de alguém querido que perdemos. Os
fantasmas são versões transparentes, dinâmicas, falantes e
pensantes dos bruxos e bruxas que desejaram, por alguma razão,
permanecer na terra. JKR]
O conto de Babbitty, a Coelha, porém, nos oferece uma das
primeiras menções literárias a um animago, pois Babbitty, a
lavadeira, é dotada dessa rara habilidade mágica de se
transformar em animal, quando quer.
Os animagos formam uma pequena fração da população bruxa.
Atingir a transformação perfeita e espontânea de humano para
animal exige muito estudo e prática, e muitos bruxos consideram
que seu tempo pode ser melhor empregado em outras
atividades. Certamente, a aplicação de tal talento é limitada a
não ser que a pessoa tenha grande necessidade de se disfarçar ou
se ocultar. Por esta razão, o Ministério da Magia insiste em
registrar os animagos, pois não resta dúvida de que tal tipo de
feitiço tem maior utilidade para aqueles que se dedicam a
atividades sub-reptícias, secretas ou até criminosas.2
2 [A professora McGonagall, diretora de Hogwarts, me pediu que
esclarecesse que ela se tornou um animago em decorrência de
suas extensas pesquisas em todos os campos da Transfiguração,
e que jamais usou sua habilidade de se transformar em gato com
nenhum objetívo sub-reptício, à exceção das atividades legais em
favor da Ordem da Fênix, nas quais o sigilo e o disfarce eram
imperativos. JKR]
É duvidoso que algum dia tenha havido uma lavadeira capaz de
se transformar em coelha; entretanto, alguns historiadores da
magia têm sugerido que Beedle criou Babbitty à feição da famosa
francesa Lisette de Lapin, que foi condenada por feitiçaria em
Paris, em 1422. Para assombro dos seus carcereiros trouxas, que
mais tarde foram julgados por ajudar a bruxa a escapar, Lisette
sumiu de sua cela prisional na véspera de sua execução. Embora
nunca tenha se provado que Lisette fosse um animago que
conseguiu se espremer entre as grades da janela de sua cela,
subsequentemente, um grande coelho branco foi avistado
atravessando o Canal da Mancha em um caldeirão equipado com
uma vela, e um coelho semelhante tornou-se mais tarde
conselheiro de confiança na corte do rei Henrique VI.3
O rei na história de Beedle é um trouxa imbecil que, ao mesmo
tempo, cobiça e teme a magia. Ele acredita que pode se tornar
bruxo simplesmente aprendendo encantamentos e agitando uma
varinha.4
3 Isto pode ter contribuído para a reputação de instabilidade
mental daquele rei trouxa.
4 Conforme demonstraram as intensas pesquisas do
Departamento de Mistérios que remontam a 1672, bruxos
nascem feitos. Ainda que a habilidade fortuita de realizar mágicas
ocorra em pessoas que aparentemente descendem de não-bruxos
(e embora vários estudos sugiram que terá sempre havido alguém
bruxo em sua árvore genealógica), trouxas não podem realizar
mágicas. O melhor — ou pior — a que poderiam aspirar são eleitos
aleatórios e não controláveis gerados por uma varinha mágica
genuína, que, sendo um instrumento supostamente canalizador
de magia, retém, por vezes, um poder residual que pode
descarregar em um dado momento — veja também as notas
sobre a tradição das varinhas em "O conto dos três irmãos".
Ignora inteiramente a verdadeira natureza da magia e dos
bruxos, e, portanto, engole as absurdas sugestões tanto do
charlatão quanto de Babbitty. Tal atitude é típica de um
determinado tipo de mentes trouxas: em sua ignorância, estão
prontas a aceitar toda sorte de impossibilidades a respeito da
magia, inclusive as hipóteses de que Babbitty se transforme em
uma árvore que ainda pode pensar e falar. (Neste ponto, vale
ainda notar que, embora Beedle use o artifício de fazer uma
árvore falar para ressaltar como o rei trouxa é ignorante, ele nos
pede também para acreditar que Babbitty é capaz de falar
enquanto coelho. Isto poderia ser uma licença poética, mas acho
mais provável que Beedle tenha ouvido falar de animagos sem
jamais ter conhecido um, porque esta é a única liberdade que ele
toma em relação às leis da magia em sua história. Os animagos
não retêm o poder da fala humana enquanto sob a forma animal,
embora conservem a capacidade humana de raciocinar. Isto,
como qualquer escolar sabe, é a diferença fundamental entre ser
animago e se transfigurar em animal. Neste último caso, a pessoa
se transforma inteiramente em um animal e, em consequência,
desconhece a magia, perde a consciência de ter sido bruxo, e
precisaria de alguém que o transfigurasse em sua forma original.)
Creio ser possível que, ao preferir que sua heroína finja se
transformar em árvore e ameace o rei com a dor de uma
machadada no próprio corpo, Beedle tenha se inspirado em
tradições e práticas reais da magia. As árvores com madeira
apropriada para varinhas sempre foram ferozmente protegidas por
seus fabricantes, que cuidam delas, e quando alguém as corta
para roubá-las, se arrisca a expor-se não apenas à malícia dos
tronquilhos5 que normalmente fazem seus ninhos ali, como
também a efeitos adversos dos Feitiços de Proteção com que seus
donos as cercaram. Na época de Beedle, a Maldição Cruciatus
ainda não tinha sido declarada ilegal pelo Ministério da Magia,6 e
poderia ter produzido a exata sensação que Babbitty usa para
ameaçar o rei.
5 Para a descrição completa desses pequenos e curiosos
habirantes das árvores, veja Animais fantásticos & onde habitam.
6 As Maldições Cruciatus, Imperius e Avada Kedavra foram
classificadas como Imperdoáveis em 1717, com as mais rigorosas
penalidades associadas ao seu uso.