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domingo, 24 de outubro de 2010

Contos de Beedle, o Bardo - O conto dos três irmãos

O CONTO DOS TRÊS IRMÃOS

Era uma vez três irmãos que estavam viajando por uma estrada
deserta e tortuosa ao anoitecer... Depois de algum tempo, os
irmãos chegaram a um rio fundo demais para vadear e perigoso
demais para atravessar a nado. Os irmãos, porém, eram versados
em magia, então simplesmente agitaram as mãos e fizeram
aparecer uma ponte sobre as águas traiçoeiras. Já estavam na
metade da travessia quando viram o caminho bloqueado por um
vulto encapuzado.
E a Morte falou. Estava zangada por terem lhe roubado três
vítimas, porque o normal era os viajantes se afogarem no rio. Mas a
Morte foi astuta. Fingiu cumprimentar os três irmãos por sua
magia, e disse que cada um ganhara um prêmio por ter sido
inteligente o bastante para lhe escapar.
Então, o irmão mais velho, que era um homem combativo, pediu a
varinha mais poderosa que existisse: uma varinha que sempre
vencesse os duelos para seu dono, uma varinha digna de um
bruxo que derrotara a Morte! Ela atravessou a ponte e se dirigiu a
um vetusto sabugueiro na margem do rio, fabricou uma varinha de
um galho da árvore e entregou-a ao irmão mais velho.
Então, o segundo irmão, que era um homem arrogante, resolveu
humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de restituir a vida aos
que ela levara. Então a Morte apanhou uma pedra da margem do
rio e entregou-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra tinha
o poder de ressuscitar os mortos.
Então, a Morte perguntou ao terceiro e mais moço dos irmãos o
que queria. O mais moço era o mais humilde e também o mais
sábio dos irmãos, e não confiou na Morte. Pediu, então, algo que
lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela. E a
Morte, de má vontade, lhe entregou a própria Capa da
Invisibilidade.
Então, a Morte se afastou para um lado e deixou os três irmãos
continuarem viagem e foi o que eles fizeram, comentando,
assombrados, a aventura que tinham vivido e admirando os
presentes da Morte.
No devido tempo, os irmãos se separaram, cada um tomou um
destino diferente.
O primeiro irmão viajou uma semana ou mais e, ao chegar a uma
aldeia distante, procurou um colega bruxo com quem tivera uma
briga. Armado com a varinha de sabugueiro, a Varinha das
Varinhas, ele não poderia deixar de vencer o duelo que se seguiu.
Deixando o inimigo morto no chão, o irmão mais velho dirigiu-se a
uma estalagem, onde se gabou, em altas vozes, da poderosa
varinha que arrebatara da própria Morte, e de que a arma o
tornava invencível.
Na mesma noite, outro bruxo aproximou-se sorrateiramente do
irmão mais velho enquanto dormia em sua cama, embriagado pelo
vinho. O ladrão levou a varinha e, para se garantir, cortou a
garganta do irmão mais velho.
Assim, a Morte levou o primeiro irmão.
Entrementes, o segundo irmão viajou para a própria casa, onde
vivia sozinho. Ali, tomou a pedra que tinha o poder de ressuscitar
os mortos e virou-a três vezes na mão. Para sua surpresa e alegria,
a figura de uma moça que tivera esperança de desposar antes de
sua morte precoce surgiu instantaneamente diante dele.
Contudo, ela estava triste e fria, como que separada dele por um
véu. Embora tivesse retornado ao mundo dos mortais, seu lugar
não era ali, e ela sofria. Diante disso, o segundo irmão,
enlouquecido pelo desesperado desejo, matou-se para poder
verdadeiramente se unir a ela.
Assim, a Morte levou o segundo irmão.
Embora a Morte procurasse o terceiro irmão durante muitos anos,
jamais conseguiu encontrá-lo. Somente quando atingiu uma idade
avançada foi que o irmão mais moço despiu a Capa da Invisibilidade
e deu-a de presente ao filho. Acolheu, então, a Morte como uma
velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram
desta vida.


Comentários de Alvo Dumbledore sobre
"O conto dos três irmãos"
Quando eu era criança essa história me causou uma profunda
impressão. Ouvi-a primeiramente contada por minha mãe, e logo
tornou-se o conto que eu pedia com mais frequência na hora de
dormir. Isto sempre provocava discussões com o meu irmão mais
novo, Aberforth, cuja história favorita era "Bodalhão, o Bode
Resmungão".
A moral de "O conto dos três irmãos" não poderia ser mais clara:
os esforços humanos para evadir ou superar a morte estão
sempre fadados ao desapontamento. O terceiro irmão da história
("o mais humilde e também o mais sábio") é o único que
compreende isso, pois, tendo escapado uma vez da morte, por um
triz, o melhor que poderia esperar era adiar o próximo encontro o
máximo possível. O mais moço sabe que zombar da Morte -
envolver-se em violência, como o primeiro irmão, ou ocupar-se da
sombria arte da necromancia (1), como o segundo irmão —
significa medir forças com um inimigo ardiloso que não pode
perder.
A ironia é que se formou uma curiosa lenda em torno dessa
história, que contradiz exatamente a mensagem original. A lenda
argumenta que os prêmios que a Morte dá aos irmãos — uma
varinha imbatível, uma pedra capaz de ressuscitar os mortos e
uma Capa da Invisibilidade imperecível — são objetos verdadeiros
que existem no mundo real. E vai além: se alguém vem a se
tornar o legítimo possuidor dos três, torna-se então "senhor da
Morte", o que tem sido comumente entendido que será
invulnerável, e mesmo imortal.
1 [Necromancia é a magia negra que ressuscita os mortos. É um
ramo da magia que nunca teve sucesso, como a nossa história
deixa bem claro. JKR]
Podemos rir com uma certa tristeza do que isto nos diz da
natureza humana. A interpretação mais caridosa seria: "A
esperança brota eternamente.2 Ainda que, segundo Beedle, dois
desses três objetos sejam extremamente perigosos, e sua clara
mensagem é que, no fim, a Morte virá nos buscar, uma minoria na
comunidade bruxa insiste em acreditar que Beedle estava lhes
enviando uma mensagem cifrada, dizendo exatamente o inverso
do que escreveu à tinta, mensagem esta que somente eles são
suficientemente inteligentes para entender.
2 [A citação demonstra que Alvo Dumbledote era não só
excepcionalmente instruído em termos de bruxaria, como também
familiarizado com os escritos do poeta trouxa Alexander Pope.
JKR]
Tal teoria (ou talvez "desesperada esperança" seja o termo mais
preciso) é respaldada por pouquíssimas provas reais. É verdade
que a Capa da Invisibilidade, embora rara, existe em nosso
mundo; contudo, a história deixa claro que a Capa da Morte é de
uma durabilidade ímpar.3 Durante os muitos séculos que medeiam
a época de Beedle e a nossa, ninguém jamais afirmou ter
encontrado a Capa da Morte. A explicação dos verdadeiros crentes
é a seguinte: ou os descendentes do terceiro irmão desconhecem
a origem da capa, ou a conhecem e estão resolvidos a comprovar a
sabedoria do seu antepassado, não alardeando esse fato.
3 [As Capas da Invisibilidade não são, em geral, infalíveis. Podem
rasgar ou se tornar opacas com a idade, ou os feitiços nela
lançados podem enfraquecer, ou ser anulados por Feitiços de
Revelação. É por isso que os bruxos habitualmente recorrem, no
primeiro caso, aos Feitiços da Desilusão para se camuflarem ou se
ocultarem. Alvo Dumbledore era conhecido por sua capacidade de
executar um Feitiço da Desilusão tão poderoso que se tornava
invisível sem recorrer à capa. JKR]
Muito naturalmente, a pedra tampouco foi encontrada. Observei
anteriormente, ao comentar "Babbitty, a Coelha, e seu Toco
Gargalhante", que continuamos incapazes de ressuscitar os mortos,
e temos todas as razões para supor que isto jamais acontecerá. Vis
substituições foram naturalmente ensaiadas pelos bruxos das
trevas criadores dos Inferi,4 que são apenas fantoches, e não seres
humanos de fato ressuscitados. Acresce que a história de Beedle é
muito explícita quanto ao fato de que o amor perdido do segundo
irmão nunca ressurgiu realmente dos mortos. Foi enviado pela
Morte para atrair o segundo irmão às suas garras e, portanto,
manteve-se fria, distante, tantalizantemente presente e
ausente.5
4 [Inferi são cadáveres reanimados por magia negra. JKR]
5 Muitos críticos acreditam que Beedle se inspirou na Pedra
Filosofal, elemento essencial do Elixir da Vida que induz a
imortalidade, quando criou essa pedra capaz de ressuscitar os
mortos.
Resta-nos, então, a varinha, e aqui os que se obstinam em
acreditar na mensagem secreta de Beedle têm pelo menos
indícios históricos para fundamentar suas delirantes suposições.
Seja porque gostem de se vangloriar ou intimidar seus possíveis
adversários, seja porque realmente acreditam no que dizem — o
fato é que os bruxos há séculos afirmam possuir uma varinha
mais poderosa do que qualquer outra, até mesmo uma varinha
"invencível", a Varinha das Varinhas. Alguns chegaram ao exagero
de alegar que sua varinha é feita de sabugueiro, como a que a
Morte supostamente fabricou. Tais objetos receberam nomes,
entre os quais "a Varinha do Destino" e "a Varinha da Morte".
Não admira que velhas superstições tenham se desenvolvido em
torno de nossas varinhas, que são, afinal, nossas ferramentas e
armas mágicas mais importantes. Algumas (e, portanto, seus
donos) são supostamente incompatíveis:
Se a varinha dele é carvalho, e a dela, azevinho
Casarem-se os dois será um descaminho
ou indicam falhas no caráter:
Castanheiro preguiçoso, sorveira falastrona
freixo queixo-duro, aveleira resmungona
E, com efeito, nessa categoria de máximas sem comprovação
encontramos:
Varinha de sabugueiro, azar o ano inteiro.
Seja porque a Morte fabrica a varinha ficcional com sabugueiro na
história de Beedle, seja porque os bruxos sedentos de poder ou
violentos têm persistentemente afirmado que suas varinhas são
feitas de sabugueiro, esta madeira não goza da preferência dos
fabricantes de varinhas.
A primeira alusão bem documentada a uma varinha de
sabugueiro dotada de poderes particularmente fortes e perigosos
foi àquela que pertenceu a Emerico, cognominado "o Mal", um
bruxo de vida curta, mas excepcionalmente agressivo, que
aterrorizou o sul da Inglaterra no início da Idade Média. Morreu
como tinha vivido, em um encarniçado duelo com outro bruxo
conhecido por Egberto. Ignora-se que fim levou Egberto, embora
a expectativa de vida dos duelistas medievais fosse geralmente
baixa. Nos tempos anteriores à criação de um Ministério da
Magia para regular o uso da magia negra, os duelos eram
geralmente fatais.
Um século depois, outro personagem desagradável, de nome
Godelot, expandiu o estudo da magia negra registrando uma
coleção de feitiços perigosos, com o auxílio de uma varinha
descrita como "mia amijga mas maluada e sottill, cum coorpo de
sabugueiro, que conhece camijnhos de magia mui maligna".
( Magia mui maligna se tornou o título da obra-prima de Godelot.)
Como podemos observar, Godelot considera sua varinha uma
colaboradora, quase uma instrutora. Aqueles que estão
familiarizados com as tradições das varinhas6 concordarão que
elas realmente absorvem o conhecimento de quem as usa,
embora tal processo seja imprevisível e imperfeito; é preciso levar
em consideração todo tipo de fatores adicionais, tais como as
relações entre a varinha e seu usuário, para compreender a
eficiência do seu desempenho com determinado indivíduo.
6 Como eu.
Ainda assim, é provável que uma varinha hipotética que tenha
passado pelas mãos de muitos bruxos das trevas teria, no
mínimo, uma marcada afinidade pelos tipos de magia mais
perigosos que há.
A maioria dos bruxos prefere uma varinha que os tenha
"escolhido" a qualquer outra de segunda mão, precisamente
porque esta última terá adquirido hábitos do seu dono anterior
que podem não ser compatíveis com o estilo de magia do novo
dono. A prática comum de enterrar (ou queimar) a varinha com o
seu dono, quando ele morre, também contribui para impedir que
uma varinha aprenda com numerosos mestres. Os que acreditam
na varinha de sabugueiro, no entanto, sustentam que, dada a
maneira com que ela sempre transferiu sua lealdade entre
donos — o próximo superando o anterior, em geral matando-o —
a varinha de sabugueiro nunca foi destruída nem enterrada, antes
sobreviveu para acumular sabedoria, força e poder muito além do
normal.
Sabe-se que Godelot pereceu em seu próprio porão, onde foi
trancafiado pelo filho demente, Hereward. É de se supor que o
filho tenha se apossado da varinha do pai, ou este último teria
conseguido fugir, mas que destino Hereward terá dado à varinha
não sabemos ao certo. Sabemos, sim, que uma varinha chamada
"Varinha de Eldrun" por seu dono, Barnabás Deverill, surgiu no
início do século XVIII, e que este bruxo a usou para talhar sua
reputação de guerreiro temível, até seu reino de terror ser
encerrado pelo igualmente notório Loxias, que lhe tomou a
varinha e a rebatizou de "a Varinha da Morte", usando-a para
destruir qualquer um que o desagradasse. É difícil acompanhar a
trajetória subsequente da varinha de Loxias, pois muitos alegam
tê-lo matado, inclusive a própria mãe.
O que deve ocorrer a qualquer bruxo inteligente que estude a
pretensa história da Varinha das Varinhas é que todo homem que
afirme ter sido seu dono7 insistiu em sua "invencibilidade", quando
os fatos que se conhecem sobre sua passagem pelas mãos de
muitos donos demonstram não só que ela foi vencida centenas de
vezes, como atraiu tanta confusão quanto Bodalhão, o Bode
Resmungão, atraía moscas. Em última análise, a busca pela
Varinha das Varinhas corrobora uma observação que tive
oportunidade de fazer muitas vezes no curso de minha longa
vida: que os humanos têm um pendor para escolher precisamente
as coisas que lhes fazem mal.
7 Nenhuma bruxa jamais afirmou ter sido dona da Varinha das
Varinhas. Extraiam disso a conclusão que quiserem.
Qual de nós, porém, teria revelado a sabedoria do terceiro irmão,
se lhe fosse oferecido escolher o melhor presente da Morte?
Bruxos e trouxas são igualmente imbuídos de sede de poder;
quantos teriam resistido à "Varinha do Destino"? Que ser
humano, tendo perdido um ente amado, poderia resistir à
tentação da Pedra da Ressurreição? Mesmo eu, Alvo Dumbledore,
acharia mais fácil recusar a Capa da Invisibilidade; o que prova
apenas que, esperto como sou, continuo sendo um bobalhão tão
grande quanto os demais.

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