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domingo, 24 de outubro de 2010

Contos de Beedle, o Bardo - A fonte da sorte

A fonte da sorte

No alto de um morro, em um jardim encantado envolto por muros
altos e protegido por poderosa magia, jorrava a Fonte da Sorte.
Uma vez por ano, entre o nascer e o pôr-do-sol do dia mais longo
do ano, um único infeliz recebia a oportunidade de competir para
chegar à fonte, banhar-se em suas águas e ter sorte a vida inteira.
No dia aprazado, centenas de pessoas viajavam de todo o reino
para chegar ao jardim antes do alvorecer. Homens e mulheres, ricos
e pobres, jovens e velhos, dotados ou não de poderes mágicos
reuniam-se no escuro, cada qual na esperança de ser o escolhido
para entrar no jardim.
Três bruxas, com seus problemas e preocupações, encontraram-se
nas cercanias da multidão, e contaram umas às outras suas tristezas
enquanto esperavam o sol nascer.
A primeira, cujo nome era Asha, sofria de uma doença que nenhum
curandeiro conseguia eliminar. Ela esperava que a fonte fizesse
desaparecer os seus sintomas e lhe concedesse uma vida longa e
feliz.
A segunda, cujo nome era Altheda, tivera sua casa, seu ouro e sua
varinha roubados por um bruxo malvado. Ela esperava que a fonte a
aliviasse de sua fraqueza e pobreza.
A terceira, cujo nome era Amata, fora abandonada por um homem
a quem amava profundamente, e acreditava que seu coração partido
jamais se recuperaria. Esperava que a fonte aliviasse sua dor e
saudade.
Apiedando-se umas das outras, as três mulheres concordaram que,
se lhes coubesse a chance, elas se uniriam e tentariam chegar à
fonte juntas.
O primeiro raio de sol rasgou o céu, e uma fresta se abriu no muro.
A multidão avançou, cada pessoa exigindo, aos gritos, a bênção da
fonte. Plantas rastejantes do interior do jardim serpearam pela
massa ansiosa e se enrolaram na primeira bruxa, Asha. Ela agarrou
o pulso da segunda bruxa, Altheda, que segurou com força as
vestes da terceira bruxa, Amata.
E Amata se enredou na armadura de um cavaleiro de triste figura
que montava um cavalo esquelético.
As plantas rastejantes puxaram as três bruxas pela fresta do muro,
e o cavaleiro foi derrubado do seu ginete atrás delas.
Os gritos furiosos da multidão desapontada se ergueram no ar
matinal, e silenciaram quando os muros do jardim se fecharam
mais uma vez.
Asha e Altheda se zangaram com Amata, que, acidentalmente,
trouxera junto o cavaleiro.
— Apenas um pode se banhar na fonte! Já será bem difícil decidir
qual de nós será, sem adicionar mais um!
Ora, o Cavaleiro Azarado, como era conhecido nas terras alémmuros,
observou que as mulheres eram bruxas e, não sendo ele
dotado de magia, nem de grande perícia em torneios e duelos com
espadas, nem de nada que o distinguisse como homem não mágico,
ficou convencido de que não havia esperança de chegar à fonte antes
das três mulheres. Anunciou, portanto, sua intenção de sair do
jardim.
Ao ouvir isso, Amata se aborreceu também.
- Medroso! — ela o censurou. — Desembainhe sua espada, Cavaleiro,
e nos ajude a atingir a nossa meta.
E, assim, as três bruxas e o infeliz cavaleiro se aventuraram pelo
jardim encantado, onde ervas raras, frutos e flores cresciam em
abundância à margem de caminhos ensolarados. Eles não
encontraram obstáculo algum até alcançar o sopé do morro em
que se erguia a fonte.
Ali, enrolado na base do morro, havia um monstruoso verme branco,
inchado e cego. À aproximação do grupo, ele virou uma cara feia e
malcheirosa e proferiu as seguintes palavras:
"Paguem-me a prova de suas dores."
O Cavaleiro Azarado sacou a espada e tentou matar o bicho, mas a
espada se partiu. Então Altheda atirou pedras no verme, enquanto
Asha e Amata experimentaram todos os feitiços que poderiam
subjugá-lo ou hipnotizá-lo, mas o poder de suas varinhas não foi
mais eficaz do que a pedra da amiga ou a espada do cavaleiro: o
verme não quis deixá-los passar.


O sol foi subindo sempre mais alto no céu e Asha, desesperada,
começou a chorar.
Então o enorme verme encostou o focinho no rosto dela e bebeu
suas lágrimas. Saciada a sede, o verme deslizou para um lado e
sumiu por um buraco no chão.
Exultantes com o sumiço do verme, as três bruxas e o cavaleiro
começaram a subir o morro, certos de que chegariam à fonte antes
do meio-dia.
A meio caminho da subida íngreme, porém, eles encontraram
palavras gravadas no chão.
Paguem-me os frutos do seu árduo trabalho.
O Cavaleiro Azarado apanhou sua única moeda e colocou-a na
encosta relvada, mas ela rolou para longe e se perdeu. As três
bruxas e o cavaleiro continuaram a subir, e, embora tivessem
andado durante horas, não avançaram um único passo; o topo
continuava distante e a inscrição permanecia no chão diante deles.
Todos se sentiram desanimados quando viram o sol passar sobre
suas cabeças e começar a declinar em direção ao longínquo
horizonte, mas Altheda andou mais rápido e, empenhando mais
esforço do que os demais, estimulava-os a seguir seu exemplo,
embora tampouco avançasse na subida do morro encantado.
— Coragem, amigos, não fraquejem! — gritava ela, enxugando o
suor do rosto.
A medida que as gotas caíam, cintilantes, na terra, a inscrição que
bloqueava o caminho desaparecia, e eles descobriram que podiam
prosseguir.
Encantados com a remoção do segundo obstáculo, correram para o
alto o mais rápido que puderam, até que, por fim, avistaram a fonte,
refulgindo cristalina em meio a árvores e flores.
Antes de alcançá-la, no entanto, encontraram barrando o seu
caminho um riacho que circundava o topo do morro. No fundo da
água transparente havia uma pedra lisa com as seguintes palavras:
Paguem-me o tesouro do seu passado.
O Cavaleiro Azarado tentou atravessar o curso d'água flutuando
sobre seu escudo, mas afundou. As três bruxas o tiraram de dentro
do riacho e tentaram saltar por cima da água, mas o riacho não as
deixou atravessar, e todo o tempo o sol ia baixando pelo céu.
Eles começaram, então, a refletir sobre o significado da mensagem
na pedra, e Amata foi a primeira a compreendê-la. Apanhando a
varinha, apagou da mente todas as lembranças dos momentos
felizes que passara com o seu amor desaparecido e deixou-as cair
na correnteza. O riacho as levou para longe, deixando aparecer
pedras planas e, finalmente, as três bruxas e o cavaleiro puderam
atravessar em direção ao topo do morro.
A fonte refulgiu diante dos quatro, emoldurada pelas ervas e flores
mais raras e mais belas que jamais tinham visto. O céu coloriu-se de
vermelho, e chegou a hora de decidir qual deles iria se banhar.
Antes, porém, que chegassem a uma conclusão, a franzina Asha
tombou no chão. Exausta com o esforço da subida, estava à beira
da morte.
Seus três amigos a teriam carregado até a fonte, mas Asha, em
agonia mortal, lhes pediu que não a tocassem.
Então Altheda se apressou a colher as ervas que julgou mais úteis,
misturou-as na cabaça de água do Cavaleiro Azarado e levou a
poção à boca de Asha.
Na mesma hora, Asha conseguiu se pôr de pé. Além disso, todos os
sintomas de sua terrível enfermidade tinham desaparecido.


— Estou curada! — exclamou ela. — Não preciso da fonte; deixem
Altheda se banhar!
Altheda, porém, estava ocupada colhendo mais ervas em seu
avental.
— Se fui capaz de curar essa doença, posso ganhar muito ouro!
Deixem Amata se banhar!
O Cavaleiro Azarado se inclinou e, com um gesto, indicou a fonte a
Amata, mas ela sacudiu a cabeça. O riacho tinha lavado todos os
seus desapontamentos de amor, e ela percebia agora que o antigo
amado fora insensível e infiel, e que era uma grande felicidade ter se
livrado dele.
— Bom cavaleiro, o senhor deve se banhar, em recompensa por
toda a sua nobreza! — disse ela ao Cavaleiro Azarado.
Então ele avançou a armadura tinindo aos últimos raios do sol
poente e se banhou na Fonte da Sorte, admirado por ter sido o
escolhido entre centenas de outros e atordoado com a sua
inacreditável fortuna.
Quando o sol se pôs no horizonte, o Cavaleiro Azarado se ergueu
das águas sentindo-se glorioso com o seu triunfo, e se atirou, ainda
vestindo a armadura enferrujada, aos pés de Amata, a mulher mais
bondosa e bela que já contemplara. Alvoroçado com o sucesso,
pediu sua mão e seu coração, e Amata, não menos feliz, percebeu
que encontrara um homem que merecia os dois.
As três bruxas e o cavaleiro desceram o morro juntos, de braços
dados, e os quatro levaram vidas longas e venturosas, sem jamais
saber nem suspeitar que as águas da fonte não possuíam encanto
algum.
Comentários de Alvo Dumbledore sobre
"A Fonte da Sorte"
"A Fonte da Sorte" é um eterno favorito, tanto assim que foi tema
da única tentativa de introduzir uma pantomima de Natal nos
festejos de Hogwarts.
O nosso mestre de Herbologia à época, professor Herbert Beery,1
um entusiástico aficionado do teatro amador, propôs uma
adaptação dessa muito apreciada história infantil como uma
surpresa especial de Natal para colegas e alunos. Eu era então um
jovem professor de Transfiguração, e Herbert me encarregou dos
"efeitos especiais", que incluíam providenciar uma Fonte da Sorte
que funcionasse plenamente e a miniatura de um morro coberto
de vegetação, que as nossas três heroínas e o nosso herói
pareceriam escalar, enquanto a fonte afundaria lentamente no
palco e desapareceria de vista.
1 O professor Beery mais tarde deixou Hogwarts para ensinar na
A.B.A.D. (Academia Bruxa de Arte Dramática), onde confessou-me,
certa vez, ter forte aversão por encenar essa história por acreditála
azarada.
Creio poder afirmar, sem vaidade, que tanto a minha fonte quanto
o meu morro desempenharam satisfatoriamente os papéis que lhes
cabiam. O mesmo não se pode dizer, no entanto, do restante do
elenco. Esquecendo por instantes as acrobacias do gigantesco
verme arranjado pelo nosso professor de Trato das Criaturas
Mágicas, Silvano Kettleburn, o elemento humano se mostrou
desastroso para o espetáculo. O professor Beery, em sua função
de diretor, esteve perigosamente desatento à complexidade de
emoções que fervilhavam sob o seu próprio nariz. Mal sabia ele
que os alunos que protagonizavam Amata e o Cavaleiro Azarado
tinham sido namorados até uma hora antes de subir a cortina do
palco, momento em que o "Cavaleiro Azarado" transferiu suas
afeições para "Asha".
Basta dizer que os nossos aspirantes à sorte nunca chegaram ao
alto do morro. A cortina nem bem subira quando o verme do
professor Kettleburn - que hoje sabemos ter sido um cinzal2
ingurgitado por um feitiço - explodiu em uma chuva de faíscas e
poeira, enchendo o Salão Principal de fumaça e fragmentos do
cenário. Enquanto os enormes ovos incandescentes que o bicho
pusera ao pé do meu morro incendiavam as tábuas do soalho,
"Amata" e "Asha" se hostilizavam e duelavam com tanta ferocidade
que o professor Beery foi apanhado no fogo cruzado, e o corpo
docente precisou evacuar o Salão, pois as labaredas que então
devastavam o palco ameaçavam engolfar o auditório. O espetáculo
da noite terminou com uma ala hospitalar lotada; passaram-se
muitos meses até o Salão Principal perder o cheiro acre de fumaça
de madeira, e outros tantos para a cabeça do professor Beery
reromar as proporções normais, e o professor Kettleburn deixar de
lecionar sob observação (3). O diretor Armando Dippet impôs uma
proibição a futuras pantomimas, uma orgulhosa tradição
antiteatral que Hogwarts mantém até hoje.
2 Veja Animais fantásticos & onde habitam para uma descrição
conclusiva deste curioso bicho. Jamais devia ser intencionalmente
introduzido em um salão com painéis de madeira, nem receber um
Feitiço de Ingurgitamento.
3 O professor Kettleburn sobreviveu a nada menos que sessenta e
dois trimestres sob observação durante o tempo em que ocupou o
cargo de professor de Trato das Criaturas Mágicas. Suas relações
com o meu predecessor em Hogwarts, o professor Dippet, sempre
foram tensas, pois este o considerava meio irresponsável. Na época
em que me tornei diretor, no entanto, o professor Kettleburn já se
acalmara consideravelmente, embora sempre houvesse alguém a
comentar com cinismo que, restando-lhe apenas um e meio dos
membros com que nascera, ele era forçado a levar a vida menos
ativamente.
Apesar do nosso fiasco dramático, "A Fonte da Sorte" é
provavelmente o conto de Beedle mais popular, embora, tal como
acontece com "O bruxo e o caldeirão saltitante", tenha seus
detratores. Mais de um pai de aluno já exigiu a retirada desse
conto da biblioteca de Hogwarts, inclusive, por coincidência, um
descendente de Bruto Malfoy e antigo membro da diretoria de
Hogwarts, o sr. Lúcio Malfoy. O conselheiro apresentou, por escrito,
sua exigência de que a história fosse proibida:
Qualquer obra de ficção ou não-ficção que retrate a miscigenação
de bruxos e trouxas deve ser banida das estantes de Hogwarts. Não
quero que o meu filho seja influenciado a macular a pureza de sua
linhagem lendo histórias que promovam casamentos entre bruxos e
trouxas.
A minha recusa em retirar o livro da biblioteca foi apoiada pela
maioria dos membros do Conselho Diretor de Hogwarts. Em
resposta, escrevi ao sr. Malfoy explicando a minha decisão:
As famílias de sangue supostamente puro mantêm a sua alegada
pureza excluindo os trouxas ou filhos de trouxas de suas árvores
genealógicas, deserdando-os ou mentindo sobre sua pureza.
Tentam então impingir aos demais a sua hipocrisia, pedindo a
exclusão de obras que abordem as verdades que eles negam. Não
há um único bruxo ou bruxa no mundo cujo sangue não tenha se
misturado ao de trouxas, e, assim sendo, devo considerar ilógica e
imoral a remoção de obras que tratem do assunto do acervo de
conhecimentos dos nossos alunos. (4)
4 Minha resposta motivou várias outras cartas do sr. Malfoy, mas,
como continham principalmente comentários afrontosos sobre a
minha sanidade, meus pais e higiene, sua relevância para este
comentário é remota.
Esta troca de correspondência marcou o início da longa campanha
do sr. Malfoy para que me removessem do cargo de diretor de
Hogwarts, e da minha para que o removessem do cargo de
Comensal da Morte Favorito de Lord Voldemort.

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